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Diário do Nuno

Arquivo:  
2007-12-13
16:26
Tudo começou com um duche quente seguido de um duche frio. Depois do duche mandaram-me deitar dentro da sauna e lá fiquei durante uns minutos até que o sr. Eduards apareceu e me começou a fustigar com dois molhos de folhas de carvalho. Não, não era uma sauna gay e o que vos conto não é uma fantasia S&M. O sr. Eduards é um velhinho de 70 anos especialista em Banya, a sauna tradicional russa. Na sauna russa é costume outra pessoa bater-nos no corpo com molhos de folhas de diferentes plantas. Além das vergastadas ajudarem a melhorar a circulação, as plantas libertam substâncias benéficas para a saúde que, por o corpo estar quente e húmido, são absorvidas pela pele. Uma vez vergastado, atirou-me com um balde de água fria para cima, dei um berro de surpresa e saí da sauna para a sala onde fiquei a beber chá e a comer mel à colherada. Explicaram-me que o mel não deve ser misturado no chá pois quando aquecido perde muitas das suas qualidades.

Algum tempo depois fui de novo para a sauna. O processo repetiu-se, desta vez com a sauna bastante mais quente. O sr. Eduards colocou-me um aromático molho de folhas de carvalho à frente da cara para a proteger do calor e tornou a castigar-me com novos tipos de plantas. Findo o castigo, outro balde de água fria, outro berro inevitável e eis-me de volta à sala do chá e do mel. Após algum tempo a relaxar tornei e ser chamado. Pela terceira vez entrei na sauna - o ar cada vez mais quente - e pela terceira vez me deitei e fui chicoteado, varrido e salpicado por molhos de folhas com água quente seguida de água fria. A sauna, feita em madeira e com um ar antigo, espelhava a beleza confiante daquelas coisas que parecem não terem sido inventadas porque sempre foram assim. Depois do sempre inesperado balde de água fria, o sr. Eduards mandou-me desta vez deitar numa cama de madeira do lado de fora da sauna, tapou o meu corpo dos pés à cabeça com vários molhos de diversas plantas e cobriu-me com um lençol castanho. Depois despejou água quente por cima de mim e deixou-me ficar ali, deitado, durante 20 minutos, rodeado por uma nuvem aromática e sentindo o corpo ser impregnado da saúde morna que pingava de todos aqueles ramos.

De volta à sala, mais chá e mais mel. Embora tenha ido munido de alguns mantimentos por já saber que ia estar bastante tempo fechado na sauna, o mel era tão delicioso que me saciou e não comi nada do que trouxe. Por esta altura julguei o processo terminado. Mas não, encaminharam-me de novo para a sauna. Desta vez, em vez de me deitar, o sr. Eduards mandou-me sentar, deu-me um pote de mel para a mão e disse-me: espalha isso pelo corpo todo. Não foi preciso insistir; foi com prazer que me bezuntei por completo com aquela delícia. Uma vez bezuntado, fui novamente vergastado. Tentei preparar-me mentalmente para o balde de água fria mas não consegui e tornei a berrar. A sauna terminou e o meu corpo absorveu todos os vestígios de mel. Tinham passado duas horas. Agora só faltava a massagem.

A sala ao lado da sauna é um autêntico consultório onde Guido, o filho do sr. Eduards, me deu uma sova à moda antiga. Guido é massagista profissional e decidiu criar esta parceria com o pai porque, fiquei a saber, quando o corpo está quente, a massagem é muito mais eficaz. As duas horas de sauna tinham sido apenas os preliminares para a meia-hora de massagem. Maravilhoso. No dia seguinte, além de, graças ao mel derramado, a minha pele sedosa fazer inveja a muitos bebés, andei o dia todo que pareceu que tinha fumado não sei o quê.

Nota: no ramo que aparece na foto as folhas já estão secas. Mas as que se usam na sauna ainda estão verdes e frescas.